Existem dois pratos, que lembram-me sempre o meu querido pai. Ele fazia-os como ninguém! Um deles era uma "sopinha" feita só com massinhas e caldo Knorr, o outro era este magusto, a que ele e o meu avô chamavam de "serrabulho". Sei que em outras zonas do país, "serrabulho" é o nome de um prato completamente diferente, mas era assim que este prato era chamado por eles.
O meu fica bom, mas não sei porquê, o dele ficava e sabia-me sempre melhor. Talvez o segredo fosse a imensa paciência e amor com que desfazia o pão, as batatas e as couves com a ajuda de uma colher de pau.
No próximo dia 5 de novembro fará 29 anos que ele faleceu, mas ainda hoje recordo com muita saudade esses belos e maravilhosos tempos que nunca mais voltarão!
Por isso, sempre que chega o tempo mais frio, e começamos a ter em abundância a couve galega cá por casa, a família começa logo a pedir o magusto. É que para além de levar bastante couve (o que é ótimo!), torna-se um acompanhamento que sabe muito bem para desenjoar as comidas habituais.
Em minha casa, quase que é "obrigatório" fazer esta delicia na altura do natal, época em que o pessoal está super enjoado das carnes, fritos e demais guloseimas.
Pode não ter o aspeto mais lindo mas garanto que é muito bom!
Ingredientes:
8 a 10 folhas de couve galega grandes e tenras
4 batatas médias
300 gr de pão de trigo (caseiro)*
3 a 4 dentes de alho
Azeite
Sal q.b.
Preparação:
Lave as couves, retire-lhes o talo grosso central e com as mãos torça e retalhe-as. Coloque-as numa taça grande e reserve.
Leve um tacho ao lume com bastante água temperada com sal. Quando começar a ferver, coloque as couves e deixe cozer por cerca de 15 minutos. Findo este tempo e sem tirar o tacho do lume, adicione as batatas previamente descascadas e cortadas às rodelas e deixe cozer.
Enquanto as couves e as batatas cozem, corte o pão em fatias bem finas e reserve.
Quando tudo estiver bem cozido, retire o tacho do lume, e avalie a quantidade de água relativamente ao pão que vai posteriormente adicionar. (Guarde uma chávena da água escorrida caso seja necessário utilizá-la se o magusto ficar demasiado seco). Junte o pão cortado e envolva. Leve novamente tudo ao lume durante uns minutos de forma a ficar bem macio.
Retire do lume e esmague tudo (couves, batatas e pão) com a ajuda de uma colher de pau ou de um pisão até obter o aspeto de "açorda".
Por fim, junte os alhos finamente picados, regue com azeite e envolva bem. Leve novamente ao lume, sem parar de mexer, até começar novamente a ferver.
Retire do lume e sirva acompanhado de carne assada, grelhada ou frita ou, com bacalhau assado na brasa.
* O pão caseiro que utilizo é sempre o do dia anterior. Costumo utilizar o pão caseiro de Rio Maior.
Imagino serem pratos deliciosos.
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Feliz dia de todos os Santos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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